EXCLUSIVO – O aumento da longevidade já é uma realidade no Brasil. De acordo com o IGBE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), até 2043 há a expectativa de que um quarto da população brasileira tenha mais de 60 anos. O chamado “índice de envelhecimento” deverá aumentar aproximadamente de 43% em 2018 para 173% em 2060. Portanto, o mercado de seguros e previdência privada deverá ser um dos principais afetados por esse fenômeno.
“O crescimento do índice de envelhecimento da população brasileira, juntamente com o aumento da qualidade e expectativa de vida, demonstra a necessidade de termos uma reserva financeira maior para esse período da vida. Esse fenômeno é desafiador para o mercado segurador e demanda a necessidade de revisitar os fatores utilizados para definição de perfis de clientes, precificação de produtos e seus critérios de aceitação”, afirma Hilca Vaz, diretora de Vida e Previdência da Mapfre. Para a executiva, este processo também abre possibilidades para criação de novos produtos e coberturas compatíveis com o desenvolvimento e estruturação dos demais setores focados na terceira idade.
Segundo Jaime Neto, Diretor de dados e subscrição da MetLife Brasil, o aumento da longevidade reflete diretamente no público que busca a proteção do seguro de vida, fator que vem desafiando o setor a buscar novas soluções que atendam as pessoas com mais de 60 anos. “Com isso, vemos no mercado uma tendência que só deve ganhar força nos próximos anos: a de agrupar dados de perfis de clientes utilizando técnicas de Analytics e modulação de diferentes propostas de valor para cada um destes públicos específicos, atendendo a necessidade de cada um deles, muitas vezes com coberturas e serviços voltados para utilização em vida”, diz o executivo.
Ainda segundo o IBGE, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, em 2021 cerca de 14,7% dos aproximadamente 212 milhões de brasileiros eram idosos. Em números absolutos, isso representava 31,2 milhões de pessoas acima dos 60 anos. Ronaldo Gama, diretor de Rede da MAG Seguros, reforça que a longevidade traz desafios sociais, econômicos e comportamentais. “A reforma da previdência já mostrou à sociedade sobre a importância de olhar para o futuro, tendo o fenômeno da longevidade uma de suas principais causas. É papel também das companhias reforças as iniciativas voltadas para planejamento financeiro”, afirma Gama.
Hilca ressalta que a criação de coberturas para pessoas com mais de 60 anos é necessária, pois além de fomentar o mercado de seguros e previdência, tem importantíssima função, pois garante o equilíbrio da sociedade como um todo. “Espera-se que o mercado mais maduro e em expansão possa, através de educação financeira, aprimorar suas ofertas de produtos, oferecendo seguros que protejam a população em todos os estágios da vida. Planejar a vida financeira e constituir reservas de emergência é algo que, embora seja amplamente discutido, nem sempre é colocado em prática e é nosso papel ajudar nessa conscientização da sociedade, pois essas ações contribuirão para alavancar ainda mais o mercado de seguro de vida e previdência”.
De acordo com Neto, uma boa estratégia para o setor aumentar a acessibilidade dos idosos em seus produtos e serviços é investir em uma comunicação adequada, sem jargões técnicos, que consiga conectar este público à importância do produto e seus benefícios em vida e/ou para os beneficiários. “Temos alguns canais que já nos tem demandado soluções específicas para idades mais avançadas. A experiência que vemos neste tipo de canal é que eles encontraram, justamente (ainda sem todos os recursos que seriam ideais), a proposta certa para as idades mais avançadas utilizando uma comunicação clara e direta”.
Nicole Fraga
Revista Apólice